Apagão Tecnológico: O Que é e Como Mitigá-lo?

Apagão Tecnológico: O Que é e Como Mitigá-lo?

Um dos textos mais comentados nos últimos dias no Brasil foi o artigo de Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, para a Revista Exame e Exame Academy. O texto ressalta o termo “apagão tecnológico”, uma expressão muito conhecida e utilizada no universo empresarial para fazer alusão a um certo sumiço de profissionais de tecnologia do mercado de trabalho brasileiro. 

Não são incomuns relatos de amigos e conhecidos que buscam desenvolvedores para as suas empresas e continuam com vagas abertas após 6 meses ou um ano. 

Dentro da análise de Junqueira, ela ressalta que há, de fato, um descompasso entre a capacidade de formação de profissionais nessa área e a necessidade do mercado de trabalho. 

Essa diferença entre a capacidade de formação dos profissionais e a demanda do mercado de trabalho só vem crescendo desde que a introdução da internet começou a se popularizar em nossas vidas.

Impacto no Mercado de Trabalho

A situação já era evidente há alguns anos, porém as restrições impostas pela Pandemia do Covid-19 mudaram o mercado. Por exemplo, um estudo publicado em 2020 pela McKinsey & Company diz que o avanço feito na digitalização de empresas e consumidores durante oito semanas foi equivalente ao que era esperado para os próximos 5 anos.

Naturalmente, isso criou uma dualidade. Por um lado, muitos postos de trabalho sendo fechados por causa das restrições de mobilidade. Por outro lado, o setor de tecnologia abriu cerca de 60 mil vagas a mais no ano de 2020 se comparado a 2019, justamente por ser o setor que tornou responsável que muitas empresas continuassem trabalhando, mesmo que de forma remota. 

Isso se deu pelas soluções de reuniões remotas que foram implementadas, pelos e-commerces que foram criados, pelos aplicativos de entrega que permitiram que restaurantes continuassem trabalhando. Enfim, exemplos não faltam. 

Essa revolução aumentou muito, tanto que a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação (Brasscom) revela que o setor deve contratar cerca de 420 mil profissionais até 2024. A capacidade de formação de profissionais da área no Brasil, no entanto, não chega a 50 mil por ano

Em 2021, corroborando esses dados, uma pesquisa realizada pela plataforma GeekHunter para a CNN Brasil Business mostra que no primeiro semestre, houve um aumento de 344% nas vagas para profissionais plenos (com experiência em vagas de tecnologia de dois a seis anos) e de 173% para funcionários considerados juniores, com até dois anos de carreira. O aumento na busca por profissionais mais experientes, com mais de seis anos de carreira, teve aumento de 131%.

O Home Office como Fim das Barreiras Geográficas

Outro ponto que tem contribuído para o apagão tecnológico é também uma das consequências trazidas pelas medidas de isolamento: a implantação massiva de Home Office

Com milhões de colaboradores sendo colocados em home office ao redor do mundo, percebeu-se que era não somente viável trabalhar dessa forma, mas muitas vezes era até mesmo mais produtivo. Isso contribuiu para que fossem ultrapassadas as barreiras geográficas

Como essa escassez de mão de obra relacionada à tecnologia não é apenas algo encontrado no Brasil, milhares de empresas ao redor do mundo foram buscar trabalhadores em países de menor renda.

O dólar fortalecido fez com que as remunerações fossem ficando cada vez mais atrativas quando comparadas às feitas em moedas de países emergentes. Portanto, foi-se criando um ambiente em que muitas empresas de tecnologia de pequeno porte no Brasil não conseguem competir com as estrangeiras e continuam com suas vagas abertas indefinidamente. 

Não é raro ver depoimento de colegas, gestores de empresas ou recrutadores contando a seguinte história: “de uma hora para outra, uma empresa estrangeira contratou metade dos desenvolvedores da minha empresa”. O número de brasileiros trabalhando para empresas de fora e ganhando em dólar disparou. 

Vi amigos pessoais e ex-colegas de trabalho sendo convidados para trabalhar em Portugal, no Reino Unido e no Canadá e aceitando a oferta sem pestanejar, seja para trabalhar de forma remota, seja para se mudar para o país em que a empresa tem sede. Todo esse movimento termina por contribuir ainda mais para o apagão tecnológico no Brasil.

A Experiência da Hostinger na Contratação de Novos Colaboradores

A Hostinger tem sede no Brasil desde 2014 na cidade de Florianópolis.

Muitos não sabem, mas a cidade é conhecida por “Ilha do Silício” justamente por concentrar muitas empresas de tecnologia. De fato, é o município brasileiro com a maior densidade de startups no país – hoje são 5 startups para cada mil habitantes.

A Grande Florianópolis acumula casos de sucesso entre as empresas de tecnologia, portanto, é natural que cada vez mais empresas de tecnologia procurem o local para instalar-se.

1. Home Office

Lembro que a primeira vez que se discutiu o que hoje é chamado de “apagão tecnológico” na nossa empresa foi no início de 2019. Vínhamos notando uma dificuldade cada vez maior para as contratações. O motivo era simples: as empresas da cidade disputavam ferozmente todos os candidatos qualificados em questões tecnológicas.

Hoje, isso pode parecer uma decisão fácil de ser feita, porém na época gerou algum debate interno. Entendemos que se nos limitássemos a Florianópolis dificilmente conseguiríamos manter o ritmo de contratações que desejávamos.

Após alguns testes internos demonstrarem que nossos profissionais ficavam mais felizes, atendiam mais clientes e tinham índices de satisfação superiores decidimos tornar nossas atividades primariamente home office, ou seja, o colaborador iria para a empresa quando assim desejasse.

Isso fez com que quando vieram as restrições de mobilidade a empresa já estivesse 100% adaptada ao trabalho remoto, com métricas internas e procedimentos que permitiram que a empresa não fosse afetada em sua organização laboral.

Também expandimos a contratação de profissionais em outros locais: hoje a Hostinger possui colaboradores em mais de 40 cidades no Brasil (além de brasileiros em outras cidades mundo afora).

Os índices de satisfação dispararam. Atualmente, a Hostinger possui o selo de excelência em atendimento do Reclame Aqui, tendo sido indicada para o Prêmio ReclameAQUI – As melhores empresas para o consumidor 2021 na categoria Hosts e contando com uma avaliação 4,9 de um máximo de 5 nas mais de 5600 avaliações encontradas no Google.

2. Cultura de Treinamentos e Feedback In-house

Essencialmente, criamos do zero um Programa de Treinamento para Customer Success com cerca de 2 meses de capacitação em habilidades técnicas, comunicacionais e comerciais a fim de deixá-los aptos para o atendimento às suas atividades.

Isso nos possibilita recrutar profissionais em início de carreira dando oportunidade de entrada na área e, em alguma escala, contribuindo para diminuir o gap do apagão tecnológico.

Com isso, abrimos as portas da empresa a profissionais em início de carreira, dando-lhes oportunidades de entrada na área de Tecnologia (voltada para Customer Success), capacitação técnica e desenvolvimento pessoal; o que também contribui para diminuir o déficit de profissionais de TI. 

Não temos requisitos de experiência anterior. O que valorizamos é motivação para trabalhar na área, vontade de aprender e de se desenvolver e pessoas que se identificam com nosso propósito e valores. Isso não significa que nosso processo seletivo seja fácil; você pode inclusive conferir as nossas vagas abertas no momento.

Além disso, possuímos uma cultura de feedbacks com uma equipe comprometida com o aprendizado e desenvolvimento de cada um, criando um ambiente propício para auto-desenvolvimento e crescimento.

Essas ações nos permitem formar e desenvolver pessoas qualificadas para a empresa e para o mercado de trabalho, o que também ajuda a lidar com o apagão tecnológico. 

Empoderando Através de Conteúdos Voltados para o Aprendizado

Atualmente, atuamos em algumas frentes para produzir conteúdo voltado a desmistificar e auxiliar as pessoas que estão chegando no mundo digital. Isso se alinha principalmente com nossa missão de empoderar as pessoas, ajudando milhões de pessoas ao redor do mundo a usarem o poder da internet para aprender, criar e crescer com seus negócios.

Nessa perspectiva, contamos com centenas de tutoriais que abrangem diversos aspectos relacionados ao mundo digital. Eles vão desde um conteúdo super robusto demonstrando um passo a passo para criar o seu blog online até dicas mais abrangentes para empreendedores — como por exemplo a necessidade ou não de alvarás para vender online. Isso faz com que nossa área de tutoriais seja um guia para retirar todas as dúvidas dos empreendedores digitais.

Atuamos da mesma forma com nosso canal do Youtube. Possuindo hoje mais de 40 mil inscritos, hoje somos o maior canal de Youtube de uma empresa de web hosting no Brasil, portanto a maior referência do segmento na rede social. A lógica apresentada no canal é a mesma da área de tutoriais: uma área de aprendizado de todos os temas que permeiam o empreendedorismo digital. 

Por fim, também desenvolvemos cursos de WordPress que são enviados a nossos clientes para que eles possam criar e desenvolver seus próprios negócios nessa que é a maior plataforma de gerenciamento de conteúdos do mundo!

Conclusão

Essas são algumas das ações que a Hostinger tem implementado para mitigar o apagão tecnológico. Elas vão desde o processo de contratação, passando pelo desenvolvimento de pessoas, até o empoderamento digital da comunidade. 

Existem muitas outras formas de atuar frente ao apagão tecnológico e as empresas têm papel fundamental nesse processo. Como a sua empresa tem feito para superar esse momento de mercado?

Crédito de foto: Foto de ThisIsEngineering no Pexels

Author
O autor

Rafael H.

Trabalho com marketing digital desde 2017. Atualmente sou Country Manager do Brasil na Hostinger. Sou apaixonado pelo mundo da tecnologia e hospedagem de sites, tendo experiência com WordPress, marketing digital, SEO, copywriting e ferramentas de automação de marketing. Também já trabalhei como analista de conteúdo, redator, assessor de imprensa e analista de comunicação.